segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Poema da Semana

Estrela da Tarde

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia 
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca tardando-lhe o beijo morria.
Quando à boca da noite surgiste na tarde qual rosa tardia
Quando nós nos olhámos, tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos, unidos, ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia. 
       Meu amor, meu amor
       Minha estrela da tarde
       Que o luar te amanheça
       E o meu corpo te guarde.
       Meu amor, meu amor
       Eu não tenho a certeza
       Se tu és a alegria
       Ou se és a tristeza.
       Meu amor, meu amor
       Eu não tenho a certeza!

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram.
Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite se deram
E entre os braços da noite, de tanto se amarem, vivendo morreram.

       Meu amor, meu amor
       Minha estrela da tarde
       Que o luar te amanheça
       E o meu corpo te guarde.
       Meu amor, meu amor
       Eu não tenho a certeza
       Se tu és a alegria
       Ou se és a tristeza.
       Meu amor, meu amor
       Eu não tenho a certeza!

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso se é pranto
É por ti que adormeço e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto
Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!
Ary dos Santos, in 'As Palavras das Cantigas' 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Poema da Semana

Shema

Tu que vives seguro,
que ao calor da tua casa
regressas todas as tardes para encontrar
comida quente e rostos amáveis:

Pensa se isto é um homem,
que curvado trabalha na lama,
que não tem paz,
que luta por um pedaço de pão duro,
que morre por si ou não por alguém.
Pensa se esta é uma mulher,
sem cabelos e sem nome
já sem forças para recordar
vazios os olhos e o ventre gelado
como uma rã no inverno.

Pensa no que aconteceu:
Recomendo-te estas palavras.
Grava-as no teu coração
estando na tua casa ou andando pela rua,
ao deitares-te ou ao levantares-te.
Repete-as aos teus filhos.
Ou desmorona-se a tua casa,
que doença te consuma,
e os da tua família afastem a sua cara de ti.
Primo Levi

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Teatro


Dia 17 de janeiro, a BE foi ao Teatro Cinearte assistir à representação da Farsa de Inês Pereira

Turmas: 10.º 2ª e 10.º 5ª

Em sala de aula, foi implementada a atividade "Do Texto ao Espectáculo" em que os alunos foram orientados para encenar um pequeno excerto do texto escrito por Gil Vicente, apresentando a proposta aos colegas.


segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Poema da Semana - Balada da Neve



Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.

É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho…

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria…
Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!
Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho…

Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança…

E descalcinhos, doridos…
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!…

Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!

Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!…
Porque padecem assim?!…

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
e cai no meu coração.
Augusto Gil


terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Melhores Leitores do 1º Período


PARABÉNS!



O certificado foi entregue pelo Diretor do Agrupamento de Escolas de Benfica, Dr. Manuel Esperança.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017